Nem tudo são flores: a realidade dos negócios que sofrem no carnaval

Alternativas para o comércio – Promoções especiais, parcerias com hotéis e planejamento antecipado podem ajudar restaurantes e lojas em cidades menos movimentadas a minimizar os impactos do feriado.

Os desafios de carnaval podem envolver soluções criativas

O ano é 2025, mas o ritmo já é de outros carnavais. A festa mais tradicional do Brasil  segue com muitas expectativas não apenas pela celebração cultural, mas também pelo impacto significativo na economia do país. Neste ano, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), estima que o período carnavalesco movimente R$ 12,03 bilhões em receitas, representando um aumento real de 2,1% em relação ao ano anterior, ajustado pela inflação.

Grande parte dessa receita é atribuída aos setores de alimentação e hospedagem. Bares e restaurantes, por exemplo, estimam faturar R$ 5,4 bilhões durante os dias de folia. Além disso, os serviços de transporte de passageiros devem gerar R$ 3,31 bilhões, enquanto o setor de hospedagem prevê receitas de R$ 1,28 bilhão. Esses segmentos, em conjunto, correspondem a 83% do total gerado pelo turismo no período carnavalesco.

No entanto, o impacto econômico do Carnaval não é uniforme em todas as regiões. Cidades que são destinos tradicionais da festa, como Rio de Janeiro, Salvador e Recife, experimentam um aumento expressivo no fluxo de turistas, beneficiando diretamente os estabelecimentos locais. Em 2023, por exemplo, o Carnaval do Rio de Janeiro movimentou R$ 4,5 bilhões na economia da cidade, com o Carnaval de rua sendo responsável por R$ 1,2 bilhão desse montante, segundo a Agência Brasil. Por outro lado, cidades que não possuem o mesmo pedigree para a ocasião (como cidades universitárias, que possuem população flutuante) sentem na operação os impactos dessa época do ano.

Por outro lado, municípios de menor porte ou aqueles que não promovem grandes eventos carnavalescos podem enfrentar desafios durante esse período. Em algumas localidades, especialmente aquelas próximas a grandes centros urbanos, é comum observar uma redução no movimento comercial, uma vez que muitos residentes se deslocam para as capitais em busca das festividades. Essa migração temporária pode resultar em queda no faturamento de bares e restaurantes locais. Em São Paulo, por exemplo, estabelecimentos localizados em áreas de desfiles de blocos de rua relataram, em anos anteriores, uma diminuição de até 50% no faturamento durante o Carnaval, atribuída à concorrência com vendedores ambulantes e dificuldades de acesso devido a interdições de ruas. 

Para os restaurantes e comércios em cidades que perdem movimento no Carnaval, a melhor estratégia é focar em ações voltadas para os moradores que permanecem. Promoções especiais, cardápios temáticos e eventos exclusivos podem incentivar o consumo local. Além disso, parcerias com hoteis e pousadas podem garantir uma clientela fixa durante o período, mas sem comprometer a margem de lucro com descontos excessivos, já que esse público tem baixa recorrência. O planejamento também é essencial: restaurantes com salão podem oferecer descontos em horários de menor movimento, enquanto os que trabalham com delivery devem atentar-se à logística, pois a demanda por motoboys pode aumentar. Já para aqueles localizados próximos a blocos de Carnaval, a segurança deve ser uma prioridade. Em contrapartida, estabelecimentos em cidades onde o turismo cresce no período devem evitar promoções e focar em maximizar o faturamento com preços cheios. O segredo pode estar em avaliar o histórico de vendas e planejar cada ação de acordo com o impacto esperado para o negócio.

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