CARROS ELÉTRICOS: DESAFIOS PARA AS MONTADORAS E PARA O PÚBLICO BRASILEIRO

O que parecia ser uma escolha muito segura, manifesta agora pontos de dúvida

Enquanto os elétricos perdem valor rapidamente, os modelos a combustão continuam estáveis. Fatores sociais e econômicos estão relacionados a tendencia

Carros elétricos estão evoluindo rápido, mas sua desvalorização preocupa consumidores e investidores.

Nos últimos anos, os carros elétricos têm sido apontados como o futuro da mobilidade, mas um fenômeno vem chamando atenção: sua rápida desvalorização em comparação com os modelos a combustão. Enquanto um veículo movido a gasolina ou diesel pode perder cerca de 35% a 50% do valor em cinco anos, alguns elétricos chegam a registrar quedas de até 50% em apenas três anos. Quais são as razões para essa depreciação acelerada? A resposta passa por um conceito econômico fundamental: as barreiras de entrada.

A Influência das Barreiras de Entrada na Valorização dos Veículos

As barreiras de entrada são obstáculos que dificultam a entrada de novas empresas ou tecnologias em um mercado. No setor automotivo, elas influenciam diretamente a competitividade e a percepção de valor dos veículos. No caso dos carros elétricos, essas barreiras ajudam a explicar a desvalorização dos modelos, especialmente aqueles produzidos por montadoras japonesas e outros, que chegaram mais tarde a esse mercado. No segmento, as barreiras criam desestímulos para que o setor se amadureça e alcance um nível de estabilidade, assim como o mercado de veículos a combustão. Alguns destes elementos são:

1. Avanço Tecnológico e Obsolescência Rápida

Os carros elétricos estão evoluindo rapidamente, com novas baterias que oferecem maior autonomia, tempos de recarga reduzidos e maior durabilidade. Isso faz com que modelos de poucos anos atrás fiquem tecnologicamente ultrapassados mais rápido do que os veículos a combustão, que evoluem em um ritmo mais estável.

2. Infraestrutura de Recarga Limitada

A disponibilidade de postos de recarga ainda é um desafio em muitos países. Modelos que utilizam padrões menos compatíveis, como o CHAdeMO adotado por algumas montadoras japonesas, tendem a perder mais valor por não oferecerem flexibilidade no carregamento.

3. Concorrência com Fabricantes Chineses

O mercado de elétricos tem sido dominado por marcas chinesas, como BYD, que investem fortemente em inovação e conseguem oferecer modelos mais baratos e competitivos. Esse fator cria uma forte pressão sobre o valor dos veículos elétricos usados, que passam a ser preteridos diante de opções novas mais acessíveis.

4. Cortes de Preço e Incentivos Governamentais

Fabricantes como Tesla e BYD vêm reduzindo os preços dos modelos novos, o que impacta diretamente o valor dos usados. Além disso, muitos governos estão repensando os incentivos para veículos elétricos, o que pode desestimular a revenda.

O Caso Oposto: Barreiras para os Chineses no Mercado de Combustão

Curiosamente, os fabricantes chineses enfrentaram barreiras de entrada no mercado de combustão, o que ajudou a direcionar seu foco para os elétricos. Algumas dessas dificuldades foram:

  • Know-how mecânico: Marcas tradicionais, como Toyota e Volkswagen, possuem décadas de experiência em motores a combustão, dificultando a concorrência.
  • Patentes e propriedade intelectual: Tecnologias avançadas de motores a gasolina e diesel são protegidas por patentes, criando um bloqueio para novos entrantes.
  • Rede de distribuição consolidada: Empresas ocidentais e japonesas possuem vasta estrutura de vendas e pós-venda, tornando difícil para marcas chinesas se estabelecerem nesse setor.

Diante dessas dificuldades, as montadoras chinesas investiram massivamente em veículos elétricos, onde encontraram um ambiente mais favorável para competir e inovar.

O Futuro dos Carros Elétricos

O fenômeno da desvalorização dos carros elétricos não é isolado, mas sim um reflexo de barreiras de entrada e da rápida evolução tecnológica. Modelos japoneses, por exemplo, enfrentam desafios devido à falta de padronização e à concorrência agressiva de fabricantes chineses. Enquanto isso, os próprios chineses evitaram competir no setor de combustão justamente por encontrarem barreiras que tornaram sua entrada menos viável.

O futuro do mercado automotivo será definido por esses movimentos estratégicos, e entender as barreiras de entrada pode ser essencial para prever quais marcas e tecnologias se consolidarão nos próximos anos.

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